NPS 2016: dia I. Entre a Islândia e a força do punk

Há certas datas que passam de ano para ano na nossa agenda, como aniversários e festivais. A verdade é que desde há uns anos o irmão mais novo do Primavera Sound Barcelona integra a nossa lista de datas a não esquecer e este ano não foi diferente.

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Chegámos cedo, a tempo de ver Deerhunter. Em cima do palco a banda de Bradford Cox apresentava um alinhamento baseado em incursões pontuais a cada um dos seus sete álbuns já editados: “Rainwater Cassette Exchange” teve honras de abertura, seguido de perto por “Revival”, “Breaker” e “Dream Captain”, de Monomania. Não sendo uma multidão, o público que aquela hora se ia juntando em frente ao palco alinhou com os músicos em “Cover Me (Slowly)” dando o seu derradeiro anuimento à atuação dos Deerhunter em “Snakeskin”.

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Já no Palco Super Bock era a vez de Julia Holter aquecer os corações dos festivaleiros, tarefa perfeitamente conseguida. Resolvidas as questões técnicas que impediram um começo regular do concerto, seguiram-se momentos de entrosamento entre cantora e público que já lhe é fiel (lembre-se o concerto alucinante na ZDB, em Lisboa). Cantora e compositora, Julia soube surpreender ao cantar “ao ouvido” de cada um de nós canções de dor intensa. envoltas numa combinação entre contrabaixo, violino e bateria.

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Entre drones, balões, copos recicláveis e ameaça de chuva, chegou a vez dos islandeses Sigur Rós subirem ao palco principal do festival para nos transportar numa jornada pelo universo de beleza das suas composições. Liderados pelo vocalista Jónsi, cuja voz angelical nos serve de cicerone pelas notas musicais da banda, os Sigur Rós brindaram o Parque da Cidade com um dos melhores concertos do dia e da edição, algo que muitos não perceberam pois temos a noção de que nem se deram ao trabalho de ouvir, não se calando durante toda a atuação (um problema cada vez maior nos festivais, a falta de silêncio e puro amor pelo música e respeito por quem a interpreta). Os “rosa da vitória”, tradução literal do nome da banda, inundaram o recinto de “esperança”, a alma da linguagem que falam e o nome do seu primeiro trabalho lançado em 1997. Durante a mais de hora e meia em que tomaram o Palco NOS como a sua “casa”, os islandeses foram impecáveis na sua atuação. Ao fim de onze incursões em território nacional, os três músicos brindaram o público com um alinhamento/roteiro/viagem pela (quase totalidade) da sua discografia, tendo dado início com uma canção nova, “Óveður”. O crescendo de intensidade das suas músicas, é algo que nos transcende e pelo qual nos deixamos levar num flutuar de alma onde os sentidos ganham uma capacidade de total abstração do que se passa em redor para viverem em pleno as notas que, vindas do palco, merecem um mundo de respeito.

SIGUR ROS _1º dia _ NOS PRIMAVERA SOUND 2016 #nosprimaverasound _ © Hugo Lima | www.hugolima.com | www.fb.me/hugolimaphotography

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“Ladies and gentleman from Brooklyn, New York, the Parquet Courts”, quase podia ter sido esta a introdução ao concerto que vai figurar na nossa lista dos melhores desta edição. Muito punk e rock and roll fizeram da atuação dos Parquet Courts algo de ruidosamente apetitoso e agitadamente encantador. Contam-se pelos dedos de uma mão o número de discos por eles editados, degraus de uma carreira cimentada na herança dos riffs da década de 70 e no mais puro garage rock de finais da década anterior. Em palco apresentam-se com Max Savage na bateria, Andrew Savage e Austin Brown, nas guitarras e Sean Yeaton no baixo, sendo que a voz vai sendo alterada entre estes três últimos. Do alinhamento relembramos, além do mosh e do crowd surfing, temas como “Dust”, “Bodies Made Of”, “One Man No Cirty” e “Human Performance”.

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À banda norte-americana Animal Collective coube as honras de fechar o alinhamento do Palco NOS deste primeiro dia de festival. Com eles trouxeram o psicadelismo que já lhe conhecíamos de um outro concerto, desta feita em nome próprio e que inundou de cor e loops o grande auditório do Centro Cultural de Belém. “Painting With”, o seu mais recente trabalho serviu de base a todo o concerto que, cheio de luz e cor deixou contentes, os que, resistindo à chuva, aproveitaram para dançar, brindando a mais uma edição do festival nortenho.

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A equipa Look Mag ficou hospedada no hotel ibis Porto São João, o qual podem ficar a conhecer melhor em https://lookmag.pt/blog/ibis-porto-sao-joao-primavera-em-grande/.

Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro e NPS

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