Lourdes Castro, Jef Cornelis e Isidoro Valcárcel Medina na Culturgest

A Culturgest acolhe um conjunto de obras de três importantes artistas.

O trabalho de Lourdes Castro (Funchal, 1930) é bem conhecido em Portugal, tendo sido objeto de duas exposições retrospetivas, a primeira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, em 1992, a segunda – partilhada com Manuel Zimbro, seu companheiro de vida e de trabalho – no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, em 2010. No ano passado, novamente na Fundação Calouste Gulbenkian, foi possível descobrir os muitos livros que a artista produziu desde a década de 1950. É chegada a altura de mergulhar no seu Álbum de Família, um conjunto de cadernos, atualmente em número de trinta e seis, que desde 1963 a artista tem vindo a preencher, sem comentários, com imagens e textos das mais diversas origens, tomando como leitmotiv aquele que tem sido o motivo de quase todo o seu trabalho desde aquela altura: a sombra. Nesta exposição o Álbum de Família vai ser desfolhado página a página.

Culturgest

Depois da sua apresentação na Culturgest do Porto, a obra fílmica de Jef Cornelis (Antuérpia, 1941) pode agora ser vista e estudada em Lisboa. Entre 1963 e 1998, Jef Cornelis trabalhou como realizador para a televisão pública flamenga VRT. Ao longo desses 35 anos, Cornelis desenvolveu um impressionante corpo de trabalho, composto por mais de 200 filmes, em que aborda uma ampla gama de assuntos (artes visuais, literatura, teatro, arquitetura, urbanismo) e uma enorme variedade de questões sociais e filosófico-culturais. No âmbito de um enquadramento restritivo como era o da VRT, este autor investigou a fundo e desafiou o medium da televisão e o espaço público em geral. Jef Cornelis – Obras para Televisão (1964-1997) reúne mais de 70 filmes (legendados em inglês), que o espectador pode ver individualmente, consoante as suas escolhas. É posto à consulta um sítio de internet acerca da obra do cineasta. Numa brochura que acompanha esta retrospetiva, os filmes são apresentados, um a um, por ordem cronológica.
Jef Cornelis – Obras para Televisão (1964-1997) é uma coprodução com Argos, Centre for Art and Media.

Culturgest

Em 2002, Isidoro Valcárcel Medina (Murcia, 1937) mostrou na Fundació Tapiès, em Barcelona, um arquivo composto por 18.000 fichas que levava ao paroxismo a ideia de retrospetiva como certidão de óbito do artista – era literalmente um monumento fúnebre ao seu trabalho. Em 2006, ele realizou, no contexto de uma exposição da Coleção do Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, uma obra impossível de ser colecionada: pintou de branco uma enorme parede branca, usando para esse fim um pincel muito fino, e fazendo-se pagar por esse trabalho como um comum pintor de paredes. Em 2009, durante três meses, o artista propôs ao visitante do Museo Reina Sofia, em Madrid, uma visita guiada áudio à exposição da respetiva coleção que se alheava dos critérios discursivos e de valor estabelecidos pela instituição. Estes são apenas alguns exemplos da atitude crítica de Isidoro Valcárcel Medina relativamente às convenções que regem a produção, a distribuição e a apresentação da arte. Uma atitude crítica que se manifesta numa apropriação desviante de convenções sociais e culturais, respeitando as suas regras formais, mas subvertendo o seu conteúdo e sentido. O que está em causa na atitude serenamente insubordinada de Isidoro Valcárcel Medina, em última instância, é a questão do indivíduo enquanto sujeito emancipado. Para esta exposição na Culturgest, ele concebeu um conjunto de obras que questionam a fronteira, mais concretamente a fronteira geográfica entre Portugal e Espanha, como construção política e cultural que nos constitui enquanto indivíduos.

Lourdes Castro, os meus Álbuns de Família um a um
Isidoro Valcárcel Medina, Grafismos de fronteira
Jef Cornelis, Obras para Televisão (1964-1997)

Até 08 de janeiro
Galerias 1 e 2
Culturgest
Preço: 2 euros; entrada gratuita ao domingo

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