Apocalyptica no Coliseu de Lisboa: poderosa harmonia

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Numa noite intensa onde a música coloriu sentimentos fazendo com que a uma só voz o Coliseu de Lisboa se emocionasse, os Apocalyptica deram um concerto poderoso.

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O que à primeira vista poderia parecer inconciliável, nas mãos dos finlandeses ganha toda uma força e uma razão de ser. Na verdade, não são todos que conseguem aliar o poder do metal à melodia da música clássica, trazida pela sonoridade única do violoncelo. Mas eles fazem-no, e fazem-no com elegância!

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Mentores do género que apelidaram de “symphonic metal”, os Apocalyptica nasceram em 1993 na cidade finlandesa de Helsínquia. Apaixonados pelo som do violoncelo (todos ao quatro membros originais frequentaram a Academia Sibelius) e fãs do Metallica, foi a estes que pediram emprestados alguns temas icónicos, transformando-os em covers que são hoje a imagem de marca da banda.

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Agendado para o início de 2015, o concerto e a tournée na qual ele se inclui, só agora se concretizaram, mas garantidamente valeu bem a espera! Com a saída de Max Lilja, em 2002, a formação inicial deixou de existir passando a banda a contar com três violoncelos e uma bateria, tocada magistralmente por Mikko Sirén. E foi assim que se apresentaram em Lisboa. Da primeira leva de músicas do alinhamento fizeram parte temas como “Reign of Fear”, “Grace”, “I’m Not Jesus”, “House of Chains” e “Not Strong Enough”.

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Se um dos motivos deste regresso foi o lançamento de “Shadowmaker”, oitavo álbum lançado em Abril último, e onde os vocais ficaram a cargo de Frankie Perez, que acompanhou a banda durante toda a digressão, a verdade é que muito mais integrou o concerto fazendo dele mais um momento de comunhão entre os Apocalyptica e o seu público.

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Se o que se passava em palco iam surpreendendo a cada nova música, a surpresa não era menor quando olhávamos em nosso redor, e percebíamos que o público era, para nosso espanto, bastante eclético. Muitos metaleiros, como se dizia nos anos 80, trajados a rigor, ou seja, de negro, t-shirts alusivas às bandas ícones do géneros, pulseiras e longos cabelos, alguns grisalhos. Mas também havia os metaleiros de coração, ou seja, os que na indumentária não revelam a música que lhes vai na alma. Pais e filhos, mães e filas, avós também, ou seja quase podemos afirmar que foi um concerto familiar, o que a nós nos pareceu muito bem, pois a acompanhar-nos ia a nossa própria cria de 13 anos (fã confesso da banda e do género)!

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Este foi um concerto pontuado por um tremendo números de pontos altos, não nos parece exagerar se dizermos que todas as músicas cumpriram esse propósito, mas obviamente aos primeiros acordes de “Master of Puppets”, original dos Metallica, a casa quase vinha abaixo. A interpretação impressionantemente precisa e harmoniosamente fascinante que descia do palco rumo à plateia assemelhava-se a uma nascente de água cristalina que se espalhava pela sala do Coliseu, inundando o coração e embargando a voz de todos (sim, é verdade, sobre a música, sem vocalista em palco, cantou-se a uma só voz, e só quem conhece a magia daquela sala vai perceber o que ali se passou).

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Mas a emoção não parava, assim como não parava o “headbanging” de Perttu Kivilaakso e Eicca Toppinen, cujos longos cabelos voavam livres ao som da música que dos seus violoncelos brotava. “Inquisition Symphony” protagonizou para nós, que somos fãs da canção original dos Sepultura, outro dos momentos de destaque do alinhamento.

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Seguiram-se “Bittersweet”, “Harmageddon”, “Hope”, “Riot Lights”, “Shadowmaker” e “Hole in My Soul”, sempre acompanhadas de um intenso jogo de luzes. Com o aproximar do fim do concerto tempo para mais uma cover dos Sepultura, desta vez ouviu-se a intensidade de “Refuse/Resist”, canção que vibra e faz vibrar com uma mensagem fortíssima entre a entrega e a exigência. Depois de “Ludwig – Wonderland”, era chegada a hora de uma das músicas mais desejadas por parte do público que aos primeiros sons de “Seek & Destroy” trouxe para o Coliseu a alma mais pura dos Metallica, aquela que acompanha sempre os seus fãs. Mas a emoção inundou o Coliseu a um nível inesperado quando envolvido na música “Hall of The Mountain King” se ouviu o hino nacional. Arrepios ainda nos percorrem o corpo ao recordarmos aquele momento único em que todos, público e músicos, se juntaram numa homenagem sentida a uma pátria que é nossa, e que tão bem voltou a receber os Apocalyptica.

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Saem de palco mas por pouco tempo, regressando com dose redobrada de intensidade para nos dizerem adeus com “One”, novamente os Metallica a ditarem a pauta, e por fim com “I Don’t Care”, música que datada de 2007 surge ainda hoje como um dos mais conhecidos hinos da banda finlandesa. No fim um imenso «obrigado» dito em português expressou toda a felicidade e gratidão sentida pelos músicos. Da nossa parte, um imenso obrigada também, pela noite inesquecível que partilharam connosco.

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Na primeira parte atuaram os Tracer, banda rock que vinda da Austrália soube conquistar o público com a sua energia e atitude.

Texto: Sandra Pinto
Fotos: Luís Pissarro

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